sexta-feira, 15 de julho de 2011
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
EM BUSCA DO DIREITO A TER DIREITOS
Valores e princípios como dignidade da pessoa humana, igualdade, respeito à diversidade étnico-cultural e tolerância possuem uma dimensão humana que no trato das questões raciais peneiram todo o mais que não possui igual densidade .
DIREITOS HUMANOS E ADVOCACIA
O Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil no dia 20 /10/2009 aprovou novo provimento disciplinando o Exame de Ordem definitivamente unificado em todo o País. Em nota publicada no informativo on line da Ordem Nacional o Presidente Raimundo Cezar Britto Aragão noticia a comunidade jurídica acerca da indispensabilidade do exame unificado para que o bacharel possa exercer a advocacia. Para o presidente nacional da OAB, “o exame unificado será o maior adversário da mercantilização do ensino jurídico”.
O ponto que chama a atenção é que o provimento torna obrigatória a inclusão no conteúdo do Exame de questões sobre Direitos Humanos, Ética e Estatuto da Advocacia e da OAB.
Outro ponto de igual importância é a adequação do Exame às pessoas com deficiência com o propósito de viabilizar a acessibilidade ao Exame de Ordem.
Encerra a nota que: Ele destacou também a importância das inovações quanto ao conteúdo, sobretudo a compatibilização dos requisitos exigidos pela Comissão Nacional do Ensino Jurídico às provas do Exame de Ordem. "O Exame deixa de ser meramente dogmático e passa a ser elemento influenciador do conteúdo curricular de cada instituição de ensino de Direito brasileira; agora, se discutirá questões referentes a Direitos Humanos, Ética, Estatuto da OAB e outras fundamentais para a concretização do ensino comprometido com o ideal republicano".
Em apoio a iniciativa da OAB Nacional a Secretaria Especial de Direitos através do Ministro Paulo Vannuchi cumprimenta o Presidente Cezar Britto pela aprovação do provimento e o equipara aos grandes presidentes da Instituição como Raymundo Faoro. A inclusão dos Direitos Humanos no Exame é uma grande homenagem às comemorações do sexagenário da Declaração Universal sobre os Direitos da Pessoa Humana.
A inclusão de questões de direitos humanos no Exame de Ordem tem um significado de grande relevância na formação dos Advogados, pois representa a ruptura com um modelo superado de formação profissional que apenas cuidava de um conhecimento limitado aos cânones do positivismo jurídico sem levar em conta a transversalidade de outros saberes responsáveis pela humanização do profissional.
Um dos aspectos da mercantilização perversa do ensino jurídico é a insensibilidade quanto às questões que envolvem os dramas sofridos pela discriminação odiosa de raça, gênero, orientação sexual, deficiência, intolerância religiosa e outras formas de discriminação.
Inaceitável que ao longo da formação acadêmica negligenciem-se os princípios e valores da Constituição Cidadã que tem como eixo central a dignidade da pessoa humana. É notório que todas as disciplinas do direito são atravessadas por valores e princípios assentados nos Direitos Humanos historicamente construídos.
Rasga-se o véu da ignorância que sepulta nos conteúdos programáticos das disciplinas enrijecidos pelo normativismo e dogmatismo como absolutos na compreensão da dimensão do direito como produto cultural. As metodologias ainda novecentistas do direito ainda utilizadas por inúmeras instituições de ensino jurídico formam profissionais capazes de ocultarem ou tornarem invisíveis as sensíveis problemáticas de direitos humanos que estão presentes nas lides e que tem origem nos conflitos sejam eles de natureza intersubjetiva ou coletiva.
Vê-se claramente a miopia dos segmentos conservadores da nossa sociedade que reage a todos os avanços legislativos de promoção e defesa dos direitos humanos. Ousam até mesmo afirmar que as políticas públicas de igualdade e promoção dos direitos das populações vulneráveis – conceito que indica aqueles que estão mais sujeitos as violações de direitos humanos – levam ao acirramento das relações antes pacificadas, desestimulando o aperfeiçoamento legislativo. Ora, a ausência de formação nos direitos humanos leva a entender o fenômeno jurídico como um fenômeno em si mesmo e não entender que a construção do Estado Democrático de Direito só é possível com o adensamento das conquistas legislativas, jurisprudenciais e teóricas. A mudança da cultura judiciária só é possível se as instituições de ensino jurídico entenderem o seu papel e sua importância constitucionalmente consagrada através do ensino, pesquisa e extensão.
Outro ponto a ser tratado é a indispensabilidade da ética profissional associada aos direitos humanos, uma vez que os próprios parâmetros éticos profissionais estão afinados com o compromisso institucional do aperfeiçoamento das instituições democráticas. Nesse diapasão podemos incluir indeclinavelmente as instituições de ensino jurídico na qualidade de formadoras daqueles que no exercício da advocacia exercerão constitucionalmente a função essencial à justiça ombreada com a magistratura e o ministério público.
Assim é que, sem sobra de dúvidas que a ética e os direitos humanos integram a cultura dos direitos humanos enfatizada pela UNESCO no sentido de promover a Cultura de Paz.
Por derradeiro, a adoção de mecanismos de acessibilidade aos portadores de deficiência no exame unificado afina a sintonia que a Instituição deve manter com os instrumentos internacionais de proteção da pessoa humana.
Por certo, não podemos olvidar outras questões a serem enfrentadas ao longo do debate inesgotável da luta pela dignidade da pessoa humana, debate este que deve ser legitimamente construído e enriquecido pelo maior espectro possível de profissionais do direito comprometidos com o aperfeiçoamento do honroso ofício da advocacia.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
A AUDÁCIA DA ESPERANÇA VENCE NOBEL DA PAZ.
A reação dos representantes dos Estados que mais exercem influência e domínio sob a política internacional, evidencia o papel importante do premiado nas questões mais candentes do século XXI, ou seja aquecimento global e a luta pelo desarmamento nuclear .
A mudança da doutrina isolacionista norte-americana tem sido fortificada pelo comprometimento em buscar consensos no âmbito internacional e pela pela escolha política da via diplomática como meio de solução pacífica de conflitos, ao contrário da nefasta era Bush onde a solução dos conflitos de interesses norte-americanos não levava em conta os reflexos na sociedade intercional , o desatino da política belicista tinha como predileção mefistofélica a Guerra como princípio das relações internacionais desprestigiando o tsunami financeiro que se avizinhava e o aquecimento global que penaliza a todos em especial as regiões já sacrificadas pela miséria em todas as suas manifestações.
O reverendo Martin Luther King Jr., em memorável discurso Why We Can't Wait - porque nós não podemos esperar - prenunciou a urgência de mudanças na vida social americana em meio a crueldade da injustiça social que sofria os afro-americanos. O mundo não pode esperar. A descúria ao meio ambiente insta os Estados a promoverem mudanças e a adotarem políticas que possam viabilizar o desaquecimento.
Razões inúmeras, com certeza, motivaram o comitê norueguês a escolher Barack Obama. A crise protagonizada pelos EUA colocou o seu Chefe de Estado, recém eleito com uma tarefa de enfrentá-la , restá-lhe o papel semelhante ao Mito Odisseico e como tal na superação do sonho impossível, tanscender como Ulisses o âmbito do mito e se converter em símbolo de capacidade para superar as advsersidades. Tal momento o coloca como homem com perfil capaz de adaptar-se, pela astúcia e o bom senso, a um mundo cada vez mais complexo e em contínua mutação.
O fio de Ariadne hoje está colocado nas mãos de quem tem capacidade e habilidade suficientes para dar conta da complexidade do mundo em que vivemos. A Paz e a Segurança internacional está na celebração da capacidade e habilidade em exaurir todas as possibilidades de diálogo como meio de solução de conflitos. As evidências do contexto internacional apontam no sentido de que todas as tragédias humanas tem como cenário principal a violência estrutural - desigualdade social que gera injustiça social da qual nenhuma ordem jurídica é capaz de solucionar se dispensar as alianças com a sociedade civil seja ela no âmbito interno seja no internacional.
Digamos que a esperança é a primeira que nasce e a última que morre. As razões de Martin Luther King Jr., Nelson Mandela igualmente premiados enunciam uma racionalidade, um modus vivendi, com compreensões diversas, rompendo antigos paradigmas que afastam do humano o que nos é essencialmente sagrado: Justiça e Paz.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Nesse dia 10 de dezembro a Declaração Universal dos Direitos Humanos estará fazendo 60 anos de idade e a Organização das Nações Unidas completou no dia 24 de outubro 63 anos. Essas datas servem de parâmetro a uma teia de reflexões acerca da idade tanto da Declaração quanto da Organização Internacional. A Carta das Nações Unidas Nações, chama a atenção, em seu preâmbulo sobre dois eixos fundamentais Paz e Segurança, vejamos: NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra,que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. E PARA TAIS FINS, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. O precitado preâmbulo da Carta das Nações Unidas nada mais é do que um inventário traumático da herança deixada pelos horrores das duas Grandes Guerras Mundiais e um alerta no sentido que a paz e a segurança deve ser o propósito dos países que a integram. O nó górdio da questão é difícil de ser desatado na medida em que os mecanismos de Segurança obedecem à lógica circunstancial dos interesses econômicos e ideológicos em jogo, muitas vezes a despeito da Paz que a rigor seria o objetivo central da Organização. Com o fim da Guerra Fria, a polarização norte-sul, deu lugar a outro tipo de conflito bélico – terrorismo - apartado das normas internacionais que disciplinam o direito internacional humanitário.
A pós-modernidade não consegue dormitar com as problemáticas da insegurança, do medo, das vidas despedaçadas(Zygmunt Bauman), com as heranças do colonialismo e da escravidão, da violência estrutural que hoje não assola tão somente os países periféricos, o aqui e agora, é o mal estar sobre a moldura de sociedade da informação/conhecimento.
Surge então, em meio a todas essas questões, a abertura da caixa de pandora, a crise econômica internacional. Incompleta a modernidade decorre as imprecisões terminológicas de pós/neo/trans-modernidade. Podemos então verificar o quão frágil eram as economias centrais, o capital especulativo, seguindo a sua lógica secular, desde os processos históricos de acumulação de riqueza(Leo Huberman) , não foram monitorados pelo Estado-Moderno e por conta disso, colocaram em cheque o próprio sistema. “A mão invisível do mercado” (Adam Smith) assombrou fantasmagoricamente o próprio sistema que nela confiou toda a sua segurança. World Trade Center , explodido por ataque terrorista, o anúncio da falência do NY Times e outros conglomerados midiáticos, as grandes montadoras automobilísticas em crise a quebra de impérios financeiros reverberam um futuro incerto, no qual os grandes monopólios garantirão a sua sobrevivência enquanto nosotros perpetraremos as nossas falências sociais e agruras da morte quase sempre anunciada dos desvalidos pela disparidade social. Não podemos esquecer que a crise de 29 foi a grande poção alquímica da Segunda Guerra Mundial. Não cabe dúvida que os investimentos com guerra geram dividendos sociais injustificáveis(John Kenneth Galbraith). Os economistas e os arautos da guerra preventiva esqueceram que a história antes de ser um arquivo do passado é um indispensável instrumento de análise. A flagelização do continente africano e das periferias de todo “outro” mundo afronta os direitos humanos. Com certeza a crise econômica irá dar muitos tiros de misericórdia nesses desprezados.
Aquecimento Global e Crise Econômica Internacional esse é título da peça cujo script foi redigido de tal sorte que o grand finale é a agonia de todos nós que coadjuvamos esse mundo insólito e autofágico.
O bloco de normas internacionais de proteção e promoção dos direitos humanos, sobretudo o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, Pacto de São José da Costa Rica, Declaração da Cúpula Mundial Sobre Alimentação, Declaração de Copenhage sobre Desenvolvimento Social, Declaração de Stocolmo sobre Meio Ambiente, Declaração de Stambul sobre Assentamentos Humanos, Declaração de Pequim sobre os Direitos das Mulheres, Declaração sobre os Princípios da Tolerância, Declaração do Milênio das Nações Unidas, Declaração dos Direitos das Crianças, além das Declarações decorrentes das Conferências de Direitos Humanos auspiciadas pelas Nações Unidas e seus respectivos Programas de Ação. Importa destacar que a UNESCO lançou a campanha “Dignidade e Justiça para Todos” nesse sexagenário da Declaração dos Direitos Humanos, a mesma organização especializada, já tem como seu objetivo a difusão da Cultura de Paz, programa destinado ao combate a todas as formas de intolerância, tendo como ponto de partida a Educação.
Em meio a este celeiro de instrumentos internacionais e políticas públicas internacionais o Brasil vem desenvolvendo um Programa Nacional de Direitos Humanos, já em segunda versão, fruto das demandas dos setores fragilizados historicamente. Gênero e Raça despontam como principais protagonistas destes pleitos, dentre outros segmentos diferencialmente discriminados que procuram atrair o sentimento de “direitos a ter direitos”. A ortodoxia jurídica tem sido impiedosa, a cultura judiciária tem sido bastante refratária às pressões dos alijados dos direitos já construídos historicamente, bem como a construção de novos direitos.
A vitória de Barack Obama registrou uma conquista histórica na luta dos direitos civis, a paradigmática conquista dos afro-americanos, com certeza irá produzir efeitos (yes we can change). Resta conferir os impactos desse tempo onde um trabalhador latino-americano é reeleito, um índio chega à presidência da república e mulheres chefiam Estados importantes.
Aí resta a pergunta: Estamos diante da mudança de uma era ou estamos diante da era da mudança?
domingo, 25 de novembro de 2007
DIREITOS HUMANOS
Em que pese todo o esforço na construção e afirmação dos direitos humanos, temos sido alertados como na visão cinematográfica de Igmar Berman em “Ovo da Serpente”, quanto a inocência, o descuido diante da violência que se avizinha. Inadmissível a atitude de meros espectadores perante a cotidiana morte anunciada dos “indesejáveis”. A intolerância ocultada na retórica da problemática da imigração de povos oriundos do pós-colonialismo justifica a celebração pactos mefistofélicos para solução das desigualdades sociais. A tirânica vida das tribos urbanas como os skinheads nazista, skinhead white-power, nazi-skin, bonehead. A cultura da violência praticada por esses grupos é um continuum das ideologias nazi-fascistas que assolaram a Europa no recente passado traduzido em holocausto. A necessidade do aggiornamento das concepções de cidadania tinge a paleta dos direitos humanos com outros matizes. Cybercidadania, eco-cidadania, inter alia, formam outros figurinos que o Direito e a Justiça se a eles não se ajustarem estarão diante do enígma : Decifra-me ou te devoro”. Os Direitos Humanos enquanto fio de Ariadne tem sido o caminho para conquista da dignidade humana contra a fúria minotáurica da intolerância em todas as suas formas.